Hoje, em conversa com a minha sobrinha ao telefone, e após muitas brincadeiras e muitas piadas, ela pergunta-me por ti. Passei de um sorriso fenomenal, para um vazio autêntico. Congelei...naquele momento, tudo me parou. Não consegui reagir. Como não respondi, ela voltou a fazer a mesma pergunta. Demorei uns segundos, respirei fundo, e com uma voz trémula, respondi-lhe. Inventei uma coisa qualquer. Obviamente não lhe ia explicar, ela não ia entender. Ela não iria perceber que a tia não vai voltar mais. Mas logo de seguida, pergunta-me quando é que vais ter com ela para brincarem juntas. Lembro-me de rapidamente pensar:
"Meu Deus, não me faças isto, por favor...não me ponhas nesta situação...não me obrigues a dizer a verdade à pessoa que mais adoro neste mundo, ela não vai entender, e vai começar a chorar e não me perdoarei por isso..."
Voltei a inventar qualquer coisa...e mudei rapidamente de assunto. Após ter desligado o telefone, quebrei...sentei-me e chorei. Chorei porque até uma menina de 5 anos, sente saudades tuas. E isso fez-me perceber, que não é só a mim que fazes falta, e que por outro lado, não é só a mim que magoas. Porque não és tu que vais ter de a ver chorar, quando um dia lhe disser que a tia já não vai voltar, porque já não está com o tio.
E a última coisa que eu quero, é vê-la chorar...
Não quero mesmo...
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3 comentários:
Esquece ela primeiro que tu. Não te preocupes! Vai doer quando lhe contares, mas vai esquecer rápido.
(Desculpa a intromissão)
É lixado quando, para além a dor da separação, existe um sentimento de culpa que nos persegue nem sabemos bem porquê , muitas vezes, se mistura com a impotência, a dor, o sentir que fomos enganados/usados...e não podemos fazer nada quanto a isso porque, no fundo, sabemos que por muito tempo que passe vai restar sempre algo desta dor e desta mágoa...
É uma merda.
YOU'RE STILL ALIVE!!!!!
Acorda para ti.
Acima de tudo, acima dela, acima da dor, agarra-te antes a ti próprio.
Custa, sim, às vezes parece impossível, sentes um desejo inhumano de desistir, mas vais ver que quando estás mesmo mesmo lá em baixo, consegues levantar a cabeça, ganhar força nas pernas, e levantar-te!
Força, miúdo.
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